sábado, abril 26, 2003

Somos alunos. Estamos matriculados regularmente, freqüentamos as aulas, passamos nas provas. E nos encontramos no meio do nosso caminho universitário.
Não necessariamente somos estudantes. O Pacto está feito: os livros estão ai, descansando languidamente nas prateleiras de nossas estantes ao sabor do ar condicionado que o envolve, quando não toma banho de sol na varanda da biblioteca. Mas estes foram feitos para serem olhados, meramente consultados – pois logo no primeiro dia de aula todos os professores nos “tranqüilizam” avisando que poderemos passar direto em suas matérias apenas com as anotações em caderno, nos poupando o extenuante trabalho de pensar. Algumas vezes, quando o “mestre” resolve faturar alguns trocados, adota-se um livro – o escrito pelo próprio professor. De qualquer forma, sempre há a necessidade da adoção de alguma corrente teórica - e assim, os cadernos se tornam o resumo de um determinado livro. Tudo o que temos que fazer é decorar essas anotações, tirarmos, 10, fazer a alegria da família, constituir um bom CR., arranjar um bom emprego e dormimos todos os dias em paz com nossas consciências.
E sendo assim somos escravos. Não temos direito ao básico: a discordar de uma teoria ou corrente ideológica. Pois quando nos apresentam uma tese como sendo a verdade, não há o que contestar – quem contestaria a Verdade? Aceitamos placidamente o que nos é dito – e a Verdade é inaplacável com seus contestadores: tasca-lhes um zero, reprova-os, tenta marcar suas vidas com o símbolo dos perdedores.
Somos todos alunos. Mas nem todos são estudantes e nem todos são cordeirinhos. Ainda assim, sempre haverá a maioria esmagadora e a minoria combativa. Não lutamos pela razão, mas pelo direito de termos idéias próprias e sermos respeitados por isso.

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